Até não muito tempo atrás, muitos duvidavam do real talento de Sandra Bullock. Namoradinha da América, estrela de comédias românticas e filmes de ação, poucos acreditavam que ela poderia fazer mais que causar risos na plateia ou tensão em cenas explosivas. Tanto que já concorreu algumas vezes às Framboesas de Ouro – inclusive “ganhou” o prêmio em 2010 como Pior Atriz por Maluca Paixão (2009) e foi receber a estatueta com muito bom humor. Curiosamente, no mesmo ano em que levou seu primeiro Oscar para casa. Apesar de um tropeço que outro, são 73 prêmios e 89 indicações no currículo em pouco mais de 20 anos. Também já foi eleita uma das mulheres mais bonitas do mundo. Talento, beleza e carisma não faltam à atriz, que comemora mais um aniversário no dia 26 de julho. A equipe do Papo de Cinema também comemora, é claro, com seus cinco melhores trabalhos e mais aquele que não deve ser esquecido.

 

Enquanto Você Dormia (While You Were Sleeping, 1995)

Quando Sandra Bullock começou a chamar a atenção em Hollywood, a maioria dos seus personagens de destaque estavam em filmes de ação. Isto até se darem conta de que ali estava uma comediante em potencial que poderia ser a nova namoradinha dos EUA em comédias românticas. Dito e feito. Sua personagem, Lucy, é uma funcionária do metrô que salva a vida de Peter (Peter Gallagher), um homem que ela sempre vê na estação e por quem tem uma quedinha. A protagonista vira a heroína da família, ainda mais quando uma confusão faz com que pensem que ela é namorada do sujeito que, é claro, perdeu a memória. O único que desconfia da história é Jack (Bill Pullman), o irmão dele. Como toda boa comédia romântica, Lucy começa a ficar amiga do personagem, ao mesmo tempo em que se perde nas confusões para manter a farsa. Bullock é pura leveza e graciosidade neste papel, sendo cômica de forma natural e romântica quando o roteiro pede. O papel chamou tanto a atenção que lhe rendeu sua primeira indicação ao Globo de Ouro como Atriz em Comédia ou Musical, além do filme ter faturado 180 milhões de dólares em todo o mundo (sendo que custou menos de 20 milhões). Sucesso que lhe garantiu passaporte para outras produções do gênero pelo restante da década. Na verdade, até hoje, mas com o cachê bem maior e podendo escolher outros tipos de filmes e personagens. – por Matheus Bonez

 

Miss Simpatia (Miss Congeniality, 2000)

Certamente se alguém for descrever Sandra Bullock, simpatia estará entre seus adjetivos fortes. Mas se existe algo que passa longe da personagem da atriz neste filme, pelo menos inicialmente, é este atributo. Bruta e nada acessível, a agente do FBI Gracie Hart é acionada quando o concurso Miss Estados Unidos é ameaçado por um terrorista. Com a missão de se infiltrar no evento, ela acaba virando uma candidata e precisará passar por uma transformação, que inicialmente é física e visual. Conforme a trama progride, Gracie acaba entendendo melhor seus preconceitos pessoais, o concurso, as competidoras e como é realmente fazer parte de um grupo. Nesta deliciosa comédia escrita por Marc Lawrence e dirigida por Donald Petrie, Bullock é só graça e mostra que mantém um dos melhores timing cômicos do cinema americano. Reprisando o mesmo estilo em As Bem Armadas (2013), ainda que mantenha a qualidade na atuação, sua personagem não atingiu o charme inesquecível de Gracie Lou Freebush. Já a sequência de Miss Simpatia, lançada em 2005, podemos abstrair. – por Renato Cabral

 

Crash: No Limite (Crash, 2004)

Investindo em um série de histórias que se cruzam aqui e ali em meio à diversificada Los Angeles, Crash: No Limite se torna um filme poderoso quando começa a explorar estas interações. O roteiro de Paul Haggis – que também assume a direção – discute através delas os diversos tipos de preconceitos que mais assolam os Estados Unidos enquanto também se deixa mergulhar em um profundo e comovente estudo de humanidade, gerando cenas memoráveis. Vencedor de três Oscar, incluindo o de Melhor Filme, o longa metragem traz a nossa homenageada em papel menor dentro da trama, mas de suma importância. Embora sua personagem não tenha tanto tempo em tela quanto seus colegas, Sandra Bullock cria uma mulher que se sente insegura o tempo inteiro quanto aos perigos do lado de fora, e reflete isso tentando manter o interior de sua casa impecavelmente organizado e limpo. Amargurada e melancólica durante boa parte da duração, sua Jean Cabot representa dentro do universo concebido por Haggis a classe de pessoas abastadas que, sempre preocupada com a polidez de seus próprios lares, acaba esquecendo que é preciso um pouco de aderência do mundo comum para realmente estarem seguros – o que é ilustrado quase que de forma literal pelo filme. – por Yuri Correa

 

Um Sonho Possível (The Blind Side, 2009)

Existe algo de muito emotivo e terno neste longa-metragem assinado por John Lee Hancock. Além de ser uma história de superação, o filme ganha a simpatia do espectador pelo carinho e consideração que os personagens tratam um ao outro.Na trama, conhecemos Big Mike (Quinton Aaron), um rapaz com problemas de aprendizado, pobre, e que vem pulando de casa adotiva em casa adotiva há um bom tempo. Seu tamanho avantajado lhe proporcionou uma oportunidade de entrar no colégio cristão Wingate, quando o técnico do time de futebol americano observou o potencial do garoto. Mesmo caladão, Michael não demora em fazer amizade com o garotinho S.J. (Jae Head), filho de Leigh Anne (Sandra Bullock). Notando o estado crítico de Mike, ela resolve acolher o rapaz em sua casa, o ajudando nos estudos e na sua aplicação como jogador de futebol americano. A atuação de Sandra Bullock é motivo de muitos elogios, carregada de emoção e de força de caráter. A construção do personagem é muito bem realizada, tanto do ponto de vista interior, como exterior, com sua escolha em roupas e maquiagem. Acreditamos que estamos vendo uma socialite texana. Por sua performance, a atriz venceu seu primeiro (e até agora único) Oscar. – por Rodrigo de Oliveira

 

Gravidade (Gravity, 2013)

Sandra Bullock foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por este filme espacial de Alfonso Cuarón, e com méritos, pois ela domina a tela em meio ao espetáculo visual proporcionado pelo cineasta mexicano e seus colaboradores. Bullock provou ter um talento para além do apresentado na construção das figuras rasas e monocórdicas que interpretou em boa parte da carreira. Comumente associada a um tipo de comédia rasteira ou a filmes de ação, Bullock só não levou a estatueta para casa porque concorria com Cate Blanchett, protagonista de Blue Jasmine (2013). Briga de interpretações peso-pesadas. Boa parte do magnetismo da trama desenrolada como uma tragédia em atos vem da maneira como Bullock transita entre a necessidade de pensar/agir rápido e os momentos de melancolia/reflexão, ou seja, entre o instinto, a razão e, muitas vezes, a emoção. É um trabalho rico em nuances, que gera empatia quase imediata no público. O renascimento metafórico da mulher diante da situação extrema e do impulso natural de lutar pela sobrevivência, só nos captura por estarmos, desde antes, conectados com sua personalidade carismática e repleta de camadas de interesse, estas que se intensificam e se desdobram à medida que a morte fica mais próxima. – por Marcelo Müller

 

+1

Velocidade Máxima (Speed, 1994)

Um psicopata (Dennis Hopper), uma bomba colocada em um ônibus que explodirá caso a velocidade seja inferior a 80 km/h, um policial (Keanu Reeves) encarregado de controlar a situação e uma passageira (Sandra Bullock) que assume o papel de motorista deste caos sobre rodas. Com essa premissa enxuta, o filme se tornou um dos maiores sucessos de bilheteria da década de 90 e virou referência dentro do cinema de ação. Estreando como cineasta, o diretor de fotografia holandês Jan de Bont – que depois não corresponderia às expectativas criadas aqui – conduz com precisão cirúrgica uma história de três atos bem definidos, que encadeiam cenas de ação empolgantes muito bem realizadas, com fluidez de ritmo e reviravoltas sem grande compromisso com a verossimilhança, mas com adrenalina de sobra. O filme também consolidou Reeves como astro e alçou a carreira de Bullock, que em seu primeiro papel principal numa grande produção, esbanja carisma e timing cômico, mantendo ótima química com Reeves. A parceria não se repetiu na desastrosa sequência de 1997, ocorrendo apenas anos mais tarde no açucarado A Casa do Lago (2006). Mas melhor ficarmos com o primeiro encontro entre os dois, que garante a diversão sempre que revisto. – por Leonardo Ribeiro

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar

avatar

Últimos artigos de (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *