Michael Fassbender pode não ser conhecido do público há tanto tempo, mas desde que começou a esquentar Hollywood com seu charme e talento no final da primeira década dos anos 2000, o ator alemão tem sido presença constante e obrigatória em qualquer filme que seja minimamente interessante. Com uma relativamente curta carreira cinematográfica – sua primeira aparição nos cinemas foi em 2006 como um dos espartanos de 300 -, o galã já trabalhou com nomes como Ridley Scott, Quentin Tarantino, Steven Soderbergh e David Cronenberg, além do amigo e cineasta Steve McQueen. Nada mal, mas algo que chega a ser até esperado para quem já tinha estreado com o pé direito na televisão em 2001 na minissérie Band of Brothers, produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks.

Bonito e portador de um dote, digamos, que chama a atenção (e está exposto sem pudores em Shame, 2011), como George Clooney fez questão de frisar na entrega dos Globos de Ouro de 2012, Fassbender já foi eleito um dos homens mais sexy do mundo e, constantemente, pode ser visto em campanhas publicitárias e ensaios sensuais que realçam seu físico. No dia 2 de abril de 2014 o ator completa 37 anos. Para celebrar seu aniversário e também uma carreira tão enxuta em qualidade, a equipe do Papo de Cinema resolveu escolher seus cinco melhores filmes – e mais um que merece ser lembrado, é claro.

 

Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, 2009)
Por Matheus Bonez

A versão mais do que ficcional da história do enxuto grupo de extermínio que escalpela nazistas e, ainda por cima, ajuda (sem querer) a acabar com a ascensão do Terceiro Reich não é apenas um dos melhores filmes de Quentin Tarantino. Com um elenco de destaque que vai de Brad Pitt a Mélanie Laurent como seus protagonistas, sem esquecer do excepcional Christoph Waltz como o grande vilão do filme, Bastados Inglórios chama a atenção em uma das sequências protagonizada por Michael Fassbender e seu grupo em uma taverna. Mesmo que não permaneça mais que um quarto do longa na tela no papel do tenente Archie Hicox, o ator trava uma batalha de palavras que gerou 25 páginas de diálogo no roteiro. Detalhe: com a maioria do texto pronunciada em alemão. Não que seja algo difícil para Fassbender falar em sua língua materna, mas em cada palavra proferida sua atuação demonstra não apenas o caráter irrepreensível de seu personagem como também sua falsa segurança, seus medos e, principalmente, a coragem. Três elementos tão antagônicos que o intérprete coloca à prova como poucos. Não à toa Fassbender começou a pipocar em todo tipo de filme (de qualidade) depois.  Merecidamente.

 

X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011)
Por Yuri Correa

Se havia alguma dúvida sobre o então pouco conhecido Michael Fassbender ter a capacidade de ficar à altura de Sir Ian McKellen no papel de um dos mutantes mais amados/odiados da saga X-Men, ela se esvai nos primeiros minutos de sua participação. Ele convence perfeitamente como a versão mais jovem do Magneto visto em três dos filmes anteriores. Adotando vários de seus trejeitos e locuções, Fassbender se permite impregnar o personagem com uma nova gama de sentimentos, conflitos e uma profundidade que somente a diferença de idade entre as duas versões permitiria. No filme conhecemos como ocorreu a formação do grupo de mutantes e os motivos das desavenças entre um e outro personagem. Para isso, um grupo de atores jovens, talentosos e carismáticos foi chamado, sendo Fassbender o que mais transmite maturidade pela própria presença, o que não quer dizer que nomes como James McAvoy, Jennifer Lawrence e Nicholas Hoult não tenham sua parcela de “culpa” no sucesso cinematográfico e comercial do longa-metragem. Filme cuja direção, aliás, ficou a cargo do ótimo Matthew Vaughn, que demonstrara antes lidar bem com filmes ambiciosos. Como este é, sem dúvidas.

 


Shame
(2011)
Por Marcelo Müller

Shame marca um ponto de virada na carreira de Michael Fassbender. Provavelmente nenhum outro filme até então o havia colocado em evidência como esse, dirigido por Steve McQueen, no qual interpreta um homem viciado em sexo e atormentado pela presença da irmã. A intimidade de Brandon, seu personagem, é devassada pela tentativa dessa irmã de reativar laços sentimentais, de forçar uma aproximação em nome do sangue. Os dois são figuras quebradiças, cada qual com suas válvulas de escape, sendo uma delas em comum o sexo. Para Brandon, a partir da retomada a fórceps de tal relação, já não basta flertar e transar com qualquer mulher que ele encontre, uma vez que o sexo parece não funcionar mais enquanto emplastro para suas dores de existir. Fassbender transita muito bem entre a confiança do homem pleno em seu território do início e a ruína psicológica de quem se desloca no final sabendo-se refém da incapacidade de relacionar-se de maneira sadia, sobretudo consigo mesmo. O choro contido até o limite ao ouvir a irmã cantando “New York, New York”, é uma das cenas mais bonitas do cinema recente. Méritos, principalmente, do talento de Fassbender.

 

Um Método Perigoso (A Dangerous Method, 2011)
Por Rodrigo de Oliveira

Em Um Método Perigoso, Michael Fassbender é Carl Jung, o pai da psicologia analítica. No começo do século passado, o psiquiatra suíço tinha convicção de que os métodos de Sigmund Freud (Viggo Mortensen), dentre eles, a cura falada, seriam as melhores formas de tratar os seus pacientes. Os dois psiquiatras se conheceriam logo depois, mostrando ter enorme respeito e admiração mútua. Até que uma mulher tratada por Jung seguindo os preceitos de Freud se coloca em meio aos dois. É curioso notar que, mesmo que os personagens de Um Método Perigoso sejam conhecidos pelos seus dotes cerebrais, e mesmo que o roteiro seja repleto de frases e diálogos inteligentes, o que move a trama é sempre a emoção. Jung e Sabina (Keira Knightley) sucumbem ao desejo carnal; Freud perde um valioso colega pela vaidade; Jung racha com Freud por orgulho; mesmo que queiram ser motivados pelo campo das ideias, está claro que a convivência entre os egos estava muito difícil de ser administrada. Michael Fassbender entrega mais um trabalho acima da média, vivendo um Carl Jung com sobriedade e inteligência, não esquecendo seu lado mais sanguíneo. Uma ótima performance em um filme igualmente imperdível.

 

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave, 2013)
Por Thomás Boeira

Uma das produções mais badaladas dos últimos meses, tendo recebido o prêmio de Melhor Filme no Oscar 2014, 12 Anos de Escravidão traz para as telas a grande história de Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um homem livre que acabou sofrendo injustamente na posição de escravo nas mãos de figuras inescrupulosas. Aqui, Michael Fassbender (em sua terceira colaboração com o diretor Steve McQueen) ficou com o papel de Edwin Epps, senhor de terras para quem Solomon trabalha durante a maior parte de seus anos como escravo. Encarnando a crueldade do personagem de um jeito assustador, o ator praticamente rouba a cena sempre que aparece, protagonizando ainda um dos momentos mais impactantes do filme (aquele em que Epps pune a escrava Patsey, interpretada por Lupita Nyong’o). É desde já uma das melhores atuações da carreira de Fassbender, que veio a ser merecidamente indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

 

 

+1

Fome (Hunger, 2008)
Por Conrado Heoli

Apresentado ao mundo como o espartano Stelios em 300 (2006), Michael Fassbender atingiu genuína notoriedade dois anos depois, quando dedicou corpo e alma no difícil Fome para viver um presidiário irlandês. Pela primeira vez sua performance seria devidamente reconhecida, seja pelo Independent Spirit Awards que recebeu ou até mesmo pelas menções como um dos injustiçados do Oscar naquele ano. Fome é uma obra tão importante para a jovem filmografia de Fassbender por muitos motivos, entre eles por ter revelado o alcance de um dos grandes atores de sua geração para diretores como Quentin Tarantino e Andrea Arnold, que confiaram ao germano-irlandês outras de suas grandes interpretações. Ainda assim, nada supera o fato desta delicada produção independente marcar o primeiro encontro do ator com o excepcional realizador Steve McQueen, aqui em seu primeiro longa-metragem. O resultado desta sintonizada parceria está também em Shame (2011) e 12 Anos de Escravidão (2013), em personagens tão singulares que muitos outros atores aceitariam interpretá-los sem pensar duas vezes. Fassbender possui uma sólida carreira no cinema norte-americano e hoje ocupa posição privilegiada entre os grandes de Hollywood, que sabem equilibrar bons trabalhos para o cinema mainstream com pequenas grandes obras como esta – um filme obrigatório para todos seus admiradores.

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