Canadense nascido no Líbano, Keanu Reeves hoje é mais conhecido por ser o Neo da trilogia Matrix e, especialmente, por ter dado uma sumida após o fim da saga e ter escolhido projetos não tão interessantes, como 47 Ronins (2013) e  O Dia em que a Terra Parou (2008). Ao mesmo tempo, estreou os elogiados O Homem Duplo (2006) e Os Reis da Rua (2008).

Reeves não é dos atores mais reconhecidos artisticamente. Pelo contrário, inclusive já foi indicado sete vezes ao Framboesa de Ouro, o que não quer dizer muito. O que interessa é que o ator coleciona vários sucessos no cinema e, no dia 2 de setembro, completa mais um aniversário. Para homenageá-lo, a equipe do Papo de Cinema resolveu eleger seus cinco melhores filmes e aquele que merece uma lembrança especial. Confira!

 

Garotos de Programa (My Own Private Idaho, 1991)
Por Robledo Milani

Numa das primeiras cenas deste filme, quando vários garotos de rua que levam seus dias fazendo programas sexuais com outros homens se reúnem em uma lanchonete para contar como ingressaram nessa vida, ao fundo, como trilha sonora ambiente, podemos escutar Madonna cantando Cherish, um dos seus maiores sucessos. A na letra dessa música ela diz: “Tão cansada de corações partidos e de perder esse jogo (…) você é o meu destino, e eu não posso lhe deixar”. Pois é mais ou menos essa a relação que envolve os personagens de River Phoenix (Mike) e Keanu Reeves (Scott), dois prostitutos que origens bem distintas, mas que se unem de uma maneira difícil de largar. Apesar de Phoenix ser o protagonista do longa escrito e dirigido por Gus Van Sant, é Reeves que lhe oferece luz, brilho e energia. O menino rico e mimado que se rebela contra a família e vai viver uma aventura vendendo o próprio corpo a quem pagar mais foi uma escolha ousada, mas que mostrou com precisão que o tresloucado jovem Ted ou o surfista policial Johnny poderia oferecer muito mais do que um mero rosto bonito. E se hoje o ator possui títulos clássicos em sua filmografia e dá seus primeiros passos se aventurando também como diretor, tenha certeza: tudo começou aqui.

 

Caçadores de Emoção (Point Break, 1991)
Por Marcelo Müller

Sobre o cinema de Kathryn Bigelow, troco fácil seus dois últimos e alardeados filmes, Guerra ao Terror (2008) e A Hora Mais Escura (2012), por Caçadores de Emoção. Nele, uma gangue fantasiada de ex-presidentes americanos toca o terror nos bancos de Los Angeles até que um policial novato resolve seguir o palpite improvável de seu parceiro: todos seriam surfistas querendo curtir veraneio eterno. O tal policial novato é interpretado por um Keanu Reeves pré-Matrix, ou seja, antes do ator ter se tornado – mesmo que por um curto espaço de tempo – quase onipresente nas publicações sobre Hollywood. Reeves sai-se muito bem nesse papel que exige num primeiro momento alguém reto, inexoravelmente ao lado da lei e da ordem, e depois alguém de princípios confrontados pela vivência fora da academia da polícia, ou seja, em confronto com a realidade. A relação estabelecida entre esse homem da lei e o assaltante (Patrick Swayze), algo entre a admiração e a necessidade mútua de anulação, é o principal tempero desse molho repleto de energia e ótimas sequências.

 

Velocidade Máxima (Speed, 1994)
Por Thomás Boeira

Em um dos maiores sucesso de sua carreira, Keanu Reeves interpreta o policial Jack Traven, que se vê tendo que encarar um grande desafio lançado pelo terrorista Howard Payne (Dennis Hopper, apropriadamente insano). Payne colocou uma bomba em um ônibus, que explodirá caso o veículo fique abaixo de 80 km/h. É então que Jack passa a tentar frustrar os planos do terrorista, tendo para isso a ajuda de Annie (Sandra Bullock, adorável) e dos outros passageiros. Estreia de Jan de Bont como diretor, Velocidade Máxima é uma jornada de tirar o fôlego, cuja tensão faz o espectador se sentir quase dentro do ônibus ao lado dos personagens. E se Reeves é considerado um ator inexpressivo, aqui ele surpreende com uma determinação e um carisma que tornam Jack uma figura digna de nossa torcida, algo que também se deve a ótima dinâmica do ator com Bullock, parceria que eles só viriam a repetir em 2006, no romance A Casa do Lago (2006). Velocidade Máxima ganhou uma continuação em 1997, mas se esta é lembrada até hoje como uma das piores coisas que Hollywood produziu na década de 1990, o original ainda é merecidamente reconhecido como um thriller arrebatador.

 

Advogado do Diabo (Devil’s Advocate, 1997)
Por Yuri Correa

A grande estrela de Advogado do Diabo é, na verdade, Al Pacino, provavelmente como o endiabrado mais over do cinema, que rouba toda e qualquer cena para si. Mas como protagonista, Keanu Reeves desempenha um contraponto importante nesse sentido. Graças ao tom comedido com que vive Kevin Lomax, o nosso homenageado serve ele mesmo como palco para seu colega de cena. É, ser insosso não seria algo bom normalmente de se apontar em um desempenho artístico, mas também não é o caso de Reeves aqui; diferentemente, o ator entende que, como figura de embate para Milton, a descrição seria sua melhor estratégia de performance. Ainda assim, Kevin se mostra astuto e jamais empalidece como personagem diante do chamariz que é Pacino. É a força que surge desta interação tão bem medida que faz do longa um tão cativante e, logo, um dos mais importantes na carreira de Reeves. Talvez alguns não considerem o roteiro brilhante e há como condená-lo inclusive por ser enfadonho. Mas não há como se negar que é imensamente divertido assistir aos rápidos diálogos entre o esperto advogado e o sagaz diabo do título.

 

Matrix (1999)
Por Rodrigo de Oliveira

As irmãs – na época, irmãos – Lilly e Lana Wachowski redefiniram os gêneros ficção científica e ação em apenas uma produção ao assinarem Matrix, um dos filmes mais importantes da década de 1990. Com uma trama que misturava existencialismo com tecnologia, filosofia com computadores, o longa-metragem deixou sua marca inegável, gerando copiadores, seguidores e sequências fraquíssimas. Na trama do irretocável longa original, Neo, vivido por Keanu Reeves, é um hacker que descobre ser alguém especial, o escolhido, uma figura que poderá dar fim ao jugo das máquinas. Isso porque nossa sociedade vive em uma alucinação coletiva, uma realidade alternativa criada por computadores, que basicamente sugam nossa energia enquanto estamos imersos neste delírio. O personagem de Reeves é o único que pode acabar com isso, basta acreditar que pode fazê-lo – e, claro, um treinamento intensivo também dá conta do recado. O ator já havia estrelado produções bem sucedidas no passado, como Velocidade Máxima (1993) e Advogado do Diabo (1997), mas nada próximo do que Matrix representou. O ator convence como o sujeito fora do lugar, uma versão adulta e masculina de Alice no País das Maravilhas, buscando convencer a si próprio de que é capaz de fazer tudo o que seus companheiros esperam dele. Papel da carreira.

 

+1

Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica (Bill & Ted’s Excellent Adventure, 1989)
Por Matheus Bonez

Dez anos antes de Keanu Reeves cogitar ser Neo e marcar seu nome no gênero de ficção, o ator começava a ficar conhecido nas telonas graças a uma comédia bobinha que rendeu 40 milhões de dólares nas bilheterias da época. Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica não é nenhum exemplar das maiores qualidades técnicas e artísticas da sétima arte, mas começa a lista do ator aqui na nossa homenagem justamente por introduzi-lo ao início de seu “reinado”, assim digamos, em Hollywood. Ted (Reeves) e seu melhor amigo Bill (Alex Winter) precisam viajar no tempo não apenas para passar no teste de história e evitar o envio de Ted para o exército como também para formar uma banda de rock que vai salvar a humanidade. Simples, bestinha e direto, não? Clássico da Sessão da Tarde, o filme é engraçadíssimo, seja pelas atuações amadoras dos protagonistas e a burrice de seus personagens ou ainda a introdução de vários nomes históricos que acabam vindo parar no “presente” graças às confusões da dupla. O filme teve uma continuação que não teve o mesmo sucesso do primeiro filme e até hoje Reeves tenta emplacar um terceiro longa de Bill e Ted. Sinal do quanto o personagem marcou sua trajetória,

 

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